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Muito mais divertido que visitar lugares turísticos é circular por Havana e descobrir o cotidiano de seus habitantes através da simples observação. Muitas cenas peculiares me chamaram a atenção em minhas caminhadas e - não raro - procurava conversar com todos que se mostravam disponíveis para esclarecer minha curiosidade antropológica. Abaixo estão os registros fotográficos mais interessantes e suas respectivas descrições:

No Paseo del Prado, em Habana Vieja, artistas plásticos cubanos de qualidade excepcional expõem seus trabalhos para venda aos domingos. Este me chamou a atenção por manter uma estação gratuita de ensino de desenho e pintura para as crianças.

Longe de ser um mercado de remédios e perfumaria, as farmácias em Cuba aparentam ser o lugar onde se promove saúde. O balcão de atendimento sempre separa o paciente dos medicamentos armazenados nas prateleiras. Com a simplicidade que lhes é peculiar, todas elas mantém vários painéis com instruções sobre medicina natural, informando sobre as plantas medicinais e suas respectivas indicações.

Apesar de precária, a placa traz uma mensagem clara: "Proibido jogar lixo pelo bem de nossa saúde". Assinada pela P.N.R. A Polícia Nacional Revolucionária, tem a missão de salvaguardar a ordem e a disciplina em Cuba desde 05 de janeiro de 1959.

Como já mencionei, para manter viva a história do país, os cubanos também prestam tributo aos seus mártires através de monumentos e estátuas nos espaços públicos. Elas estão por toda parte em Havana. O que mais me impressionou foi que em todas as que eu vi estavam depositadas flores frescas recentes. Nas fotos acima, vê-se coroas de flores em dois monumentos à José Martí e uma solitária flor perante o busto de Julio Antonio Mella, na praça em frente à escadaria da Universidade de La Habana.

Luis, o operário gráfico ao lado, guiou-me por mais de uma hora explicando-me orgulhosamente sobre todas as máquinas que opera para a produção de impressos nesta que é a única gráfica privada de Cuba, localizada na Avenida Zanja, em Centro Habana. O mais surpreendente é que todo o maquinário data do século XIX e está em pleno funcionamento.

Não acesso redes sociais quando viajo e não o fiz em Cuba. Mas para dizer um oi para minha família no Brasil, usei o aplicativo de mensagens instantaneas por smartphone e enviei um email também. A internet me pareceu de boa qualidade. Os parques WiFi são também patrimônio público no país, estão instalados em muitas praças públicas nas cidades e são amplamente utilizados por cubanos e estrangeiros, através dos cartões de acesso comercializados pelo Nauta, o provedor de internet administrado pela ETECSA (Empresa de Telecomunicaciones de Cuba S.A.). O parque WiFi ao lado é o mais próximo da Casa de Susana, no qual fui algumas vezes.

O bom humor é um traço de personalidade muito particular dos cubanos. Neste aviso pintado na parede é possível identificar a ironia da mensagem, que nem por isso deixa de ser disciplinar: "pode apoiar os pés... mas tire os sapatos".

Algumas das cenas mais curiosas que presenciei em Havana foram as debutantes (com quem cruzei em diferentes lugares e dias) que estavam realizando seu sonho de ser princesa por um dia, nos ensaios fotográficos que acontecem em cenários históricos da capital.

Pequenas dançarinas de flamenco como esta também são figurinhas constantes no Paseo del Prado nas tardes de sábado.

Num final de tarde, sem meu equipamento fotográfico, sentei-me na praça Wifi próxima da Casa de Susana para observar os cubanos que ali estavam. Seis amigas na faixa etária de 8 anos se revezavam organizadamente para dar uma volta de bicicleta na praça. A dona da bici, ainda apegada ao brinquedo novo, acompanhava cada amiga em sua vez correndo ao lado dela. Todas zelavam pelo máximo cuidado com a veículo. Uma das meninas disse que não sabia pedalar; recebeu todo o apoio das outras cinco para aprender naquela oportunidade e assim o fez. Ainda tão jovens, elas já praticavam a solidariedade. A cena foi um contra-ponto interessante para eu refletir sobre nossa sociedade de consumo.

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