Apoiando Cuba
Pré-Revolução
1950's
Foto: in Eduardo Matanzas
Bairro popular em La Habana, Las Yaguas, 1950,
Já contextualizado o governo ditatorial de Fulgêncio Batista, desde o golpe militar em 1952 até ser derrotado pelo Exército Rebelde, em 1959, é sob seus desgovernos que a movimento revolucionário se organiza para derrubá-lo.
Ainda com fonte restrita, procuro aqui reunir algumas estatísticas para dar uma visão realista sobre as condições sócio-econômicas em que se encontrava a sociedade cubana antes da Revolução de 1959, as quais foram resultado das políticas que se acumularam desde os tempos coloniais e agravadas no conturbado período republicano (ou neo-colonial) na primeira metade do século XX, e que certamente foram as razões pelas quais o Exército Rebelde encontrou massivo apoio da população desprivilegiada por onde passou, principalmente os camponeses, desde o desembarque do Yate Granma, passando por Sierra Maestra até alcançar Santiago de Cuba, Santa Clara e Havana, em 1959.
Como se viu nas descrições anteriores (Colônia e Neo-colônia), o fator econômico que determinou a formação e o desenvolvimento da sociedade cubana foi a produção e exportação de açúcar. Todos os negócios que floresceram tinham relação com o açúcar. O grande consumidor dessa produção e comprador dessa exportação foi a sociedade norte-americana, daí se criou uma relação de dependência em que, naturalmente, o produtor agrícola era o lado mais frágil dessa relação.
Não bastasse essa dependência econômica que atava Cuba aos EUA, a infelicidade geográfica da ilha antilhana estar localizada exatamente na entrada do Golfo do México, fez de Cuba um alvo geo-político do qual os estrategicamente bem-articulados governos norte-americanos não aceitariam abrir mão. E disso vieram todas os artifícios políticos que as autoridades da nação do norte criaram para exercer o poder na ilha, desde a guerra contra a Espanha, que encerrou o período colonial em Cuba, perpassando sua influência por todos os governos republicanos da primeira metade do século XX.
Dado este cenário, assim se apresentava resumidamente o quadro sócio-econômico em Cuba na primeira metade dos anos 1950:
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era o segundo país receptor de capital norte-americano;
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24% da população era analfabeta;
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52% da população urbana vivia em casas de alvenaria inacabadas
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27% da população urbana vivia em barracos (cabanas cobertas por folhas de palmeira);
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63% das indústrias não açucareiras tinham menos de dez operários;
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18% era a taxa de desemprego;
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78% da população rural vivia em barracos;
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70% da população rural estava abaixo da linha de pobreza;
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90% das crianças em áreas rurais estavam infectadas por parasitas;
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85% dos pequenos produtores agrícolas eram arrendatários;
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mais de 50% das terras agricultáveis eram propriedades estrangeiras;
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8% era a taxa de mortalidade infantil;
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17% da população economicamente ativa era de mulheres.
Essas breves estatísticas apontam para uma situação de exclusão social muito profunda. Alguns dados são alarmantes, como: apenas 21% da população urbana vivia em moradias adequadas e um quarto da população era analfabeta. Os dados agrários também mostram uma situação de grande desvantagem para os camponeses.
Não por acaso, o programa político do Movimento Revolucionário 26 de Julho (originalmente listado na defesa de Fidel Castro em seu julgamento pelo Assalto ao Quartel Moncada) apresentava esse seis pontos:
1. O problema da terra
2. O problema da industrialização
3. O problema da moradia
4. O problema do desemprego
5. O problema da educação
6. O problema da saúde
Desta lista de problemas, pode-se acompanhar as ações tomadas pelos revolucionários tão logo triunfaram sobre Batista, assim como no decorrer dos anos, e as vitórias alcançadas na solução desses problemas na sociedade cubana pós-Revolução.