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Apoio popular massivo à Revolução se vê nesta imagem do encerramento do 2o. Congresso do Partido Comunista de Cuba, Praça da Revolução, Havana, 1980.

A segunda grande surpresa que nos impacta ao tomar contato com a sociedade cubana é descobrir que seu regime político é, ao contrário do que tentam nos convencer, a democracia.

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Obviamente não se trata da democracia burguesa, com a qual estamos familiarizados. Esta serve à manutenção do sistema capitalista, perpetuando as desigualdades sociais que lhe são características: de um lado estão os trabalhadores e de outro lado estão os donos dos meios de produção, empresários, patrões e proprietários em geral. Basicamente, a democracia burguesa se restringe à eleições diretas para os poderes legislativo e executivo. Nela, o pluripartidarismo apenas garante a disputa de posições de poder para a defesa de interesses setoriais, e até mesmo particulares. A massa popular dificilmente é representada ou defendida neste regime democrático que conhecemos.

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A democracia em Cuba é democracia participativa, e com mais precisão, é democracia socialista cubana, construída a partir de sua experiência histórica no contexto da Revolução Cubana que triunfou em 1959. Todo o processo de transformação social que Cuba promoveu desde então, garantindo direitos básicos a toda população, eliminando as desigualdades de oportunidade e consolidando o socialismo, foi em si o exercício mais democrático de inclusão das massas que se possa realizar.

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Mais uma vez, como escreveu o Prof. Dr. Arnaldo Silva Leon no terceiro capítulo do livro "Cuba Y su Historia": "A democracia que se exerce em Cuba não se restringe ao ato eleitoral, mas está presente em todos os processos sociais que transcorrem em nível micro-social: na comunidade, no trabalho coletivo, no movimento estudantil, etc."

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A existência de um partido único (PCC - Partido Comunista de Cuba) se deu por razões históricas (concentração das forças revolucionárias), que levaram à adoção do princípio de unidade como forma de organização política e social para combater os adversários da Revolução, uma vez que ela contou (e ainda conta) com apoio massivo da população. Em poucas palavras, a maioria está unida em defesa de Cuba livre, soberana e socialista em benefício de todo o povo cubano, não havendo espaço para privilégios setoriais, nem individualismos de qualquer espécie.

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Na visão revolucionária cubana, "o pluripartidarismo é um grande instrumento ideológico para manter a sociedade fragmentada, convertendo-a em uma sociedade impotente para resolver seus problemas e defender seus interesses nacionais.  Um país fragmentado é um país perfeito para ser dominado e subjugado, porque não há uma vontade da nação, o esforço da nação se divide em muitos fragmentos, as inteligências se dividem e o que se tem é uma constante e interminável luta entre os fragmentos da sociedade" (F.Castro, entre 1986-93)

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Há muitas evidências da democracia socialista no cotidiano cubano: eu mesma participei de uma de suas manifestações anuais, a Marcha das Tochas, que expõe a atuação política da juventude que frequenta os ensinos médio e superior em escolas públicas de todo o país. A foto que ilustra a página Política deste website retrata a celebração do Dia Internacional dos Trabalhadores no desfile de 1o. de maio de 2018, em Havana. Tal imagem dá uma dimensão real sobre o apoio popular com o qual a Revolução conta em pleno século XXI. O movimento estudantil ativo, como observei na visita ao IPVCE Silberto Alvarez Aroche, onde discursaram líderes políticos da FEU, FEEM e UJC. 

Concentração de estudantes na Marcha das Tochas e representantes da FEEM no IPVCE: o exercício político da população caracteriza a democracia cubana.

Para uma brasileira acostumada à despolitização da população de seu país, é quase uma excentricidade testemunhar um episódio (Marcha das Tochas) em que governo e população caminham juntos, um apoiando ao outro, legitimando tal governo e este, por sua vez, realizando sua tarefa de garantir os direitos dessa população. 

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A meu ver, a democracia socialista em Cuba é o efetivo exercício político da população nas mais diversas instituições que a representa. Abaixo, cito algumas dessas organizações e uma brevíssima apresentação em suas próprias palavras:

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UJC (União da Juventude Comunista), fundada em 1962, propicia a participação criadora, consciente e entusiasta de jovens na construção do socialismo, defendendo-o como única opção de desenvolvimento, justiça social e democracia em uma pátria independente que preserva a dignidade e soberania do povo cubano. Conta com mais de 600 mil militantes (de idade entre 15 e 30 anos) em todo o país.

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FEU (Federação Estudantil Universitária), criada em 1922, fomenta a participação ativa dos universitários na sociedade e sua formação como graduados cada vez melhores ética, profissional, cultural e politicamente, dispostos a servir à Revolução Cubana nos lugares em que a sociedade deles necessite. Atualmente conta com mais de 110 mil membros em todo o país.

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FEEM (Federação de Estudantes do Ensino Médio), criada em 1970 no contexto de fortalecimento das organizações de massas, revitalizando o movimento estudantil na época. Zela pelos direitos e deveres dos estudantes secundaristas e os representa perante as instituições docentes e os organismos do Estado.

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OPJM (Organização de Pioneros José Martí), desde 1977, desenvolve em crianças e adolescentes o interesse em estudar e o senso de responsabilidade social, assim como o amor à Pátria e aos povos do mundo. De participação voluntária, entre os direitos dos pioneiros está eleger e ser eleito para qualquer cargo ou tarefa na organização.

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CTC (Central de Trabalhadores de Cuba), fundada em 1961, reorganizou o movimento sindical no contexto pós-revolução. Somou-se às tarefas de construção de uma nova sociedade cubana. Atualmente congrega quase 3 milhões de trabalhadores que são membros de dezoito sindicatos de categorias distintas.

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FMC (Federação de Mulheres Cubanas), criada em 1960, desenvolve políticas e programas destinados a alcançar o pleno exercício da igualdade para as mulheres em todas as áreas e níveis da sociedade. Atualmente, agrupa mais de 4 milhões de cubanas, está organizada em 13 mil blocos em toda a ilha. O resultado da participação das mulheres nas organizações sociais e políticas do país se confirma na estatística sobre a representação feminina nas eleições do parlamento cubano:

Embora as mulheres somem 50,2% da população cubana, sua representação política nas candidaturas ao parlamento alcança 53,2%.

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